segunda-feira, 26 de maio de 2008

Psicologia Animal

A psicologia animal é uma ciência recente, visto ter nascido já no século XX.
Esta Psicologia é considerada biológica e refere-se a todos os comportamentos internos ou externos dos animais, quer individualmente quer na relação com os outros.
Como objectivo, esta vertente da Psicologia, [1]“analisa as maneiras de proceder e os comportamentos (inatos ou adquiridos) dos animais e corresponde à etologia ou ciência do comportamento”. Tem também a função de determinar o lugar em que uma espécie se situa na escala evolutiva.
A Psicologia animal tem um grande contributo, pois os seus estudos sobre animais conduzem a respostas sobre a Psicologia Humana. Autores da Psicologia da aprendizagem, elaboraram as suas leis a partir de dados obtidos com animais, visto que neles as experiências podem ser simplificadas e controlados os factores não relevantes, isto é, os autores [2]“escolhem trabalhar com organismos mais simples ao invés de pessoas, bem como por questões de ética, muitas pesquisas não podem ser realizadas em humanos”. Por exemplo, Thorndike através da sua experiência com a caixa -problema onde fechou gatos famintos numa caixa de madeira, equipada com uma porta que podia ser aberta através de um mecanismo, e colocou o alimento cá fora, chegou há conclusão que existem três aspectos distintos, comuns a muitas situações de aprendizagem, quer em animais quer em humanos: [3]“a aprendizagem por ensaio e erro: a solução do problema é encontrada, não através de uma estratégia previamente definida, mas por tentativas sucessivas; a aprendizagem progressiva: diminuição gradual do tempo necessário para abrir o mecanismo, em consequência da eliminação das condutas inadequadas e a motivação: o alimento funciona como motivo impulsionador e reforçador da conduta de fuga”.
-6-Desde há muito tempo na história que existe o interesse em compreender o comportamento animal, porém apenas recentemente surgiu o interesse em investigá-lo e compreendê-lo de forma mais profunda, surgindo assim a questão de que a natureza social dos animais, isto é, a sua relação com os outros poderia derivar de um sistema inato ou de uma aprendizagem social, podendo ser a mesma manipulada. Em resposta a esta questão surgiram algumas teorias como a de Thomas Hobbes, no século XVII que defendia que os animais (racionais e irracionais) apenas se preocupam consigo e com as suas necessidades, por outras palavras [4]“o homem era por natureza um ser anti social (o mesmo para o caso dos animais), auto -centrado sobre as suas próprias necessidades, que apenas procura a sua auto -satisfação independentemente das consequências que isso possa ter sobre os outros”. É assim deste modo que as normas e regras que fazem com que o Homem se auto – controle, evitando o caos da desordem e egoísmo. Uma outra teoria surge com Darwin no século XIX. O mesmo defende que as espécies actuais descendem de outras anteriores, tendo o autor dedicando-se ao estudo deste processo. Verifica ainda que existem alterações individuais dentro de uma espécie e algumas são hereditárias. A teoria de Darwin é, assim caracterizada pela selecção natural que tem o seguinte raciocínio [5]“os seres vivos, mesmo os da mesma espécie, apresentam, variações entre si; as populações têm tendência para crescer em progressão geométrica; o número de indivíduos de uma espécie geralmente não se altera muito de geração em geração; em cada geração uma boa parte dos indivíduos é naturalmente eliminada porque se estabelece uma luta pela sobrevivência, devido à competição pelo alimento, refúgio, espaço e pela capacidade de fuga dos predadores; sobrevivem os indivíduos que estiverem mais bem adaptados, isto é, os que possuírem as características que lhe conferem qualquer vantagem em relação aos restantes. Os menos aptos ao longo do tempo serão eliminados progressivamente. Existe, pois, uma selecção natural (processo que ocorre na Natureza e pelo qual só os indivíduos mais bem dotados relativamente a determinadas condições do ambiente sobrevivem – sobrevivência do mais apto); os indivíduos mais bem adaptados vivem durante mais tempo e reproduzem-se mais, transmitindo as suas características à descendência, ou seja, verifica-se uma reprodução diferencial. A acumulação das pequenas variações determina a longo prazo a transformação e o aparecimento de
-7-novas espécies”.
A Psicologia animal tem um grande contributo no desenvolvimento dos humanos, visto que os estudos mais recentes [6]”têm demonstrado que existem vários benefícios dos animais de companhia no bem-estar geral, no desenvolvimento psicológico, social e na qualidade de vida das pessoas. Tudo indica que interacção com animais de companhia provoca nas pessoas resultados fisiológicos, psicológicos e sociais”; na resolução de problemas emocionais devido ao nosso quotidiano, nomeadamente na resolução do stress, a solidão e o isolamento social. Por fim este ramo da Psicologia pode ajudar na cura de algumas doenças como deficientes visuais e motores, crianças hiperactivas, pessoas com problemas psiquiátricos, doentes de Alzheimer e de trissomia 21. [7]“Acredito profundamente que as terapias e as actividades com recurso a animais proporcionam uma assinalável melhoria da qualidade de vida das pessoas a que elas recorrem”.
É assim, que a Psicologia animal assume uma grande importância, pois não estuda só os comportamentos dos animais, mas ajuda também a compreender melhor os dos humanos.

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[1] Obra: GAUQUELIN, Michel e Françoise, dicionário da Psicologia, verbo, 31
[2] Obra: DAVIDOFF, Linda, introdução à Psicologia, São Paulo, Makron books, 4
[3] Obra: AAVV, Psicologia B, Perafita, Areal editores, 2006, 33
[4] Site: http://www.pegadas.iol.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=309&Itemid=106

[5] Obra: AAVV, Terra, Universo de vida, Porto, porto editora, 2005, 135
[6] Site: http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/2007/11/entrevista-humanos-e-animais.html

[7] Site: http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/2007/11/entrevista-humanos-e-animais.html